quarta-feira, 8 de julho de 2009

Eterno Amor ou Amor Eterno?

Ele, noventa e dois
Sem nenhum cabelo
Dentes não havia
Pernas não mexiam
Nos olhos catarata
A memória fraca
Um marca passo
E o pênis morto.

Ela, oitenta e dois
Cabelos ralos
Dentes postiços
Nódulos nas pernas
Fundos de garrafa
A memória falha
Mastectomia
A vagina seca.

Mas tinham um amor tão forte
Que mesmo na doença
Derrotava o tempo com virilidade
E loucos para amar de novo
Com olhar romântico
Em dificuldade se aproximaram
Lágrimas nos olhos

Só as mãos se tocando
Ficaram ali parados
Por mais de duas horas
Juntos e quase em silêncio
Gemendo baixinho
Como se fosse uma liturgia
Como se nada mais existisse
Até que lhes veio o êxtase
Muito mais intenso
Do que quando jovens
E na sabedoria de suas idades
Viveram múltiplos orgasmos
Até que em forte espasmo
Soou duplo o findo e letal suspiro.
(André L. Soares )

4 comentários:

{Λїtą}_ŞT disse...

Amada Deusa...

Amor simplesmente, em estado puro e pleno, provocando êxtase apenas por existir e se completar em si mesmo.
Lindo poema, linda você por postá-lo aqui... encantada.
Beijos meus, com carinho.

{Λїŧą}_ŞŦ

As Moiras disse...

Amor não requer adjetivos, só o substantivo já basta!

Beijos enormes das

Moiras.

Amar Yasmine disse...

Poderosa Afrodite,

{Vita}_ST disse tudo, lindíssimo poema. Tão delicado quanto forte, obrigada por dividí-lo conosco. Adorei e vou guarda-lo com carinho.

Estou esperando as fotos, viu?
Doces besos, meu anjo!!!

Amar Yasmine disse...

Minha linda amiga,

Voltei pra ler de novo este tão belo e delicado poema.
Me remeteu aos meus pais que viveram muito tempo juntos, me trouxe de volta tantas visões bonitas dos dois.
Mais do que isso, me alertou para "a insustentável leveza do ser"... e do tempo.

Linda, seria tão bom se um dia pudéssemos sentar num bar e conversar sobre essas coisas...
Quem sabe? Acredito nas boas surpresas.

Doces besos a vc e ao seu amado!