quinta-feira, 21 de maio de 2009

O MITO DO AMOR E DA TRAIÇÃO


AFRODITE E ARES
A chuva havia cessado e um clarão escarlate irrompia do Monte Olimpo espalhando-se pelas fachadas das casas caiadas de branco da cidade de Olímpia que, em festa, rendia tributos ao supremo deus dos deuses: Zeus. Dionísio, também, era reverenciado nas casas, através dos tonéis de vinho e nas alcovas e tendas dos amantes insaciáveis.
Musas de cabelos encaracolados, de peles alvas e seios fartos imitavam as ninfas das florestas cobertas apenas com nesgas de seda que desciam do pescoço e se enrolavam nas nádegas carnudas. Jovens guerreiros, másculos e orgulhosos, se misturavam nas tendas coloridas sob os olhares sedentos das belas jovens.
Quando a noite chegou as tochas foram acesas emprestando tons mais fortes àqueles viventes e uma orgia, mesclada de vinho e incenso, se espalhou por toda a cidade: sem pudor, as jovens virgens se entregavam aos poderosos guerreiros que as carregavam nos braços para uma tenda e, selvagens, seguravam seus seios, arrancavam-lhes beijos ardentes e as possuíam pelo tempo que as forças lhes permitiam.
Zeus, do Olimpo, a tudo assistia ao lado de Hera, e a todo tempo mostrava a Dionísio que ele também era responsável por toda aquela orgia. Dionísio, com um sorriso zombeteiro, apenas dizia: “Os mortais, nesse instante de prazer, sentem-se deuses. Deixem-nos”. Zeus, contudo, estava abatido:
Afrodite, a deusa do amor, a mais bela entre todas as deusas e mortais, desobedecia-o. Entregara-a para o mais infeliz de seus filhos – Hefesto – que nascera coxo, mas tornara-se um artista. Afrodite aceitou a imposição e casou-se com Hefesto, mas traia-o com Ares, o Deus da Guerra, o seu grande amor.
Nos corredores do palácio real Afrodite caminhava devagar, espalhando perfume de flores por onde passava. Seus cabelos loiros, sua pele alva e seus olhos azuis brilhavam e extasiavam os jovens deuses e causava fúria e inveja nas outras deusas, principalmente em Eris, a deusa da discórdia - que sabia que Afrodite era filha de Zeus com Perséfone, a deusa das flores.
Mais uma vez Afrodite deixou seu palácio e dirigiu-se para os braços de Ares que a esperava no leito. Mais uma vez Ares sentiu o corpo todo estremecer diante da estonteante mulher se despindo diante dele – tudo nela era perfeito e sua pele reluzia rija de desejo.
Enquanto isso, Eris incutia na mente de Hera que uma desgraça adviria daquele amor proibido se Zeus não o impedisse de continuar, pois Hefesto, filho legítimo de Zeus, já não era mais capaz de ser um grande artista. Hera exigiu de Zeus que terminasse com o amor de Afrodite e Ares, pela paz do Olimpo e da terra, ou ela convenceria Plutão, o deus da morte, a enviar uma praga que acometeria todos os mortais. Zeus suspirou e, não querendo discórdia com a esposa, dirigiu-se para o palácio de Ares e encontrou os dois amantes se deleitando sobre o leito em beijos apaixonados. Ordenou-lhes que se separassem daquele dia em diante e que Afrodite fosse plenamente fiel a Hefesto.
Completamente nua ela se levantou e, em silêncio, deixou o aposento. Naquele mesmo dia ela anunciou a Hefesto que descansaria na Ilha de Chipre. Colocou sua túnica branca, seu cinto de ouro e partiu. Na terra ganhou forma humana, enlouqueceu muitos homens e incutiu nas mentes de todos os mortais que o amor não é apenas encanto, devoção e prazer, mas crueldade, vingança e ciúme.
Enquanto chorava o amor perdido, Afrodite banhava-se nas águas do lago, e da sua essência nasceu uma linda ave de pescoço longo e olhar lânguido aque os homens batizaram de cisne; e nas suas margens brotaram esplêndidas flores brancas, rosas, vermelhas e amarelas que foram batizadas de rosas e mirtos.
Ares, contudo, inconformado com a imposição de Zeus, desceu a terra e foi à procura da sua amada, encontrando-a nua e reluzente a banhar-se no lago. A saudade de ambos era tamanha que não proferiram palavras, apenas se entregaram à volúpia e os seus gemidos foram ouvidos por toda a terra e no Olimpo. Eris, que vigiava os passos de Ares, correu a contar para Zeus a desobediência dos amantes.
Zeus, furioso, enviou um raio à terra que estremeceu os mares e as montanhas. Deixou o Olimpo, foi ao encontro dos amantes, achando-os sobre a relva macia de um bosque, e sentenciou: “deste instante e para sempre vocês estarão separados, ficarão no firmamento a olhar um para o outro, brilhando para os mortais”.
Assim, a primeira estrela a reluzir prateada no céu é Afrodite – que os romanos batizaram de Vênus - e, logo depois, deslumbrado com a sua beleza, surge o brilho vermelho de Ares – que os romanos batizaram de Marte – Os dois amantes condenados pela eternidade a se admirarem, distantes e infelizes.


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Dizem que amor não é apenas encanto, devoção e prazer, mas crueldade, vingança e ciúme............. uma eterna verdade na vida de quem tenta destruir o amor!

Deusa...
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3 comentários:

{Λїtą}_ŞT disse...

Minha amada Deusa,

apesar das tragédias da Mitologia, estamos aqui, somos mortais e não há sentenças, apenas as de nós mesmos.
E nada é maior que o amor, quando ele realmente existe, a tudo suplanta.
Vim agradecer a sua preocupação e carinho de sempre para comigo, me emocionei de verdade, embora isso sempre aconteça, com seu último comentário... algo que levarei no coração, sempre.
Suas palavras me valem muito, acredite.
Mais uma vez, obrigada.
Deixo meu melhor beijo para vc.

Deusa Circe disse...

Deusinha amada,

mas é claro que me preocupo com vc! :)
Gosto muito mesmo de vc, lindona e espero te ver sorrindo sempre!!!

E amando cada dia mais, viu?

Se cuida.

*bjos*

Simplesmente Ser disse...

Até os deuses pecam né amor, rs.

Imagina uma pobre e mortal Deusinha ,rsss. delicia minha. te amo